quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poema de Al Hallaj

foto de Leandro Luppi

Ó, TODO DO MEU TODO (Versão Gnóstica)

Eis-me aqui, eis-me aqui, ó, meu segredo, ó, minha confidência.
Eis-me aqui, eis-me aqui, ó, meu fim, ó, meu sentido.
Chamo-te! Não... és Tu quem me chamas para Ti:
Como te haveria falado, a Ti, se Tu não me houvesses falado a mim?
O essência da essência da minha existência, ó termo do meu desígnio:
Tu que me fazes falar, Tu, minhas manifestações, Tu, meus pestanejares...

Ó, todo do meu todo! Ó, meu ouvido, ó, minha visão!
Ó, minha totalidade, minha composição e minhas partes!
Ó, todo do meu todo: todo de toda coisa, enigma equívoco,
Obscureço o Todo do Teu todo ao querer te expressar!

Ó, Tu, de quem meu espírito estava suspenso,
Já ao morrer de êxtase! ah, continua sendo Tua prenda a minha desdita...

Ó, Supremo objeto que eu solicito e espero,
Ó, meu hóspede, ó alento do meu espírito:
Ó, minha vida, neste mundo e no outro
Seja o meu coração o Teu resgate,
Ó, meu ouvido, ó, minha visão!

Por que tanta demora, em meu retiro tão distante?
Ah, ainda que para meus olhos te escondas no Invisível,
Meu coração já te contempla, desde o meu afastamento:
Sim, desde o meu exílio...

terça-feira, 9 de novembro de 2010